É o dia em que comemoramos a palavra e todo o seu poder. E minha maneira de comemorá-lo foi criar este blog, no qual dividirei com vocês minhas impressões do mundo e da arte. Deu vontade, escrevo aqui. Que bom, né? Estar sempre proseando...
O blog não deixa de ser um livro, mas construído no ambiente virtual, no qual publicamos histórias, imagens, idéias. E eu espero conseguir tornar este em especial capaz de prender sua atenção e motivá-lo, quem sabe, a escrever também.
Escrever liberta a alma e alimenta. Liberta a minha alma e me alimenta. Isso me faz lembrar uma passagem do livro A Reforma da Natureza, de Monteiro Lobato, no qual a personagem Emília tem uma idéia genial a respeito da feitura dos livros: torná-lo comestível. Em cada página, um sabor diferente... assim, segundo a boneca mais falante que existe, "o livro pode ter entrada em todas as casas, seja dos sábios, seja dos analfabetos." Que delícia!
Viva a Emília!
Viva ao livro!
E viva a este blog também! Que a cada dia seu sabor seja inesquecível...
Segue o trecho do livro A Reforma da Natureza, no qual Emília expressa sua idéia brilhante...
“– [...] Que acha que devemos fazer para a reforma dos livros?
A Rãzinha pensou, pensou e não se lembrou de nada.
- Não sei. Parecem-me bem como estão.
- Pois eu tenho uma idéia muito boa – disse Emília. – Fazer o livro comestível.
- Que história é essa?
- Muito simples. Em vez de impressos em papel de madeira, que só é comestível para o caruncho, eu farei os livros impressos em um papel fabricado de trigo e muito bem temperado. A tinta será estudada pelos químicos – uma tinta que não faça mal para o estômago. O leitor vai lendo o livro e comendo as folhas; lê uma, rasga-a e come. Quando chega ao fim da leitura, está almoçado ou jantado. Que tal?
A rãzinha gostou tanto da idéia que até lambeu os beiços.
- Ótimo, Emília! Isto é mais que uma idéia-mãe. E cada capítulo do livro será feito com papel de um certo gosto. As primeiras páginas terão gosto de sopa; as seguintes terão gosto de salada, de assado, de arroz, de tutu de feijão com torresmos. As últimas serão as da sobremesa – gosto de manjar-branco, de pudim de laranja, de doce de batata.
- E as folhas do índice – disse Emília – terão gosto de café, serão o cafezinho final do leitor. Dizem que o livro é o pão do espírito. Por que não ser também pão do corpo? As vantagens seriam imensas. Poderiam ser vendidos nas padarias e confeitarias, ou entregues de manhã pelas carrocinhas, juntamente com o pão e o leite.
- Nem precisaria mais pão, Emília! O velho pão viraria livro. O Livro-Pão, o Pão-Livro! Quem souber ler lê o livro e depois come; quem não souber ler come-o só, sem ler. Desse modo o livro pode ter entrada em todas as casas, seja dos sábios, seja dos analfabetos. Otimíssima idéia, Emília!
- Sim – disse esta muito satisfeita com o entusiasmo da Rã. – Porque, afinal de contas, isso de fazer os livros só comíveis para o caruncho é bobagem – podemos fazê-los comestíveis para nós também.
- E quem essa idéia a você, Emília?
- Foi o raciocínio. O livro existe para ser lido, não é? Mas depois que o lemos e ficamos com toda a história na cabeça, o livro se torna uma inutilidade na casa. Ora, tornando-se comestível, diminuímos uma inutilidade.
- E quando a gente quiser reler um livro?
- Compra outro, do mesmo modo que compramos outro pão todos os dias.
A idéia, depois de discutida em todos os seus aspectos, foi aprovada, e Emília reformou toda
(Fonte: LOBATO, Monteiro. A reforma da natureza. São Paulo: Globo, 2008. 72p)
Amei a idéia do blog! Sucesso!
ResponderExcluirQue máximo de blog, Joyce!!!! Adorei a apresentação - Clarice é sempre a melhor escolha - e também o post. Parabéns! Vamos prosear sempre! E obrigada pela visita ao Idéias e Livros! Apareça quando quiser! Saudades e um beijo grande! Ana. Ah! Vou linkar seu blog no meu, ok?
ResponderExcluirManinha, adorei... hoje o blog está com gosto de mousse de espinafre, salada de alface e limonada suíça... rs
ResponderExcluirQue leitura gostosa! Parabéns!
Bjos!